SINAIS MÁGICOS

segunda-feira, 11 de julho de 2011

DIFERENTES OLHARES NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS Por Prof. Karin Strobel

A análise histórica busca, justamente, captar o aleatório que casualmente conduziu à produção de um
resultado específico que, contudo, parece necessário. (Goldman, 1998, p.89-90)
A historia de surdos registrada segue várias trajetórias, nas quais citarei algumas visões diferenciadas que são por um lado a história da educação dos surdos que contém muito de Historicismo, ou seja a história escrita onde predomina a hegemonia dos poderosos; a história na visão da influência preponderante e superioridade e por outro lado, a Historia Cultural’, ou seja a história na visão das diferentes culturas, em nosso caso, dos povos surdos, que infelizmente tem poucos registros. Segue reflexão da autora SÁ a respeito da história de surdos: “Em síntese, a história dos surdos, contada pelos não-surdos, é mais ou menos assim: primeiramente os surdos foram ‘descobertos’ pelos ouvintes, depois eles foram isolados da sociedade para serem  ‘educados’ e afinal conseguirem ser como os ouvintes; quando não mais se pôde isola-los, porque eles
começaram a formar grupos que se fortaleciam, tentou-se dispersa-los, para que não criassem guetos. (2004, p.3) e por ultimo há outra visão: a história na visão crítica, que seria o historicismo e a história cultural mistas.
Diferentes olhares na história de surdos: 1- Historicismo / História hegemonia: O historicismo é a doutrina segundo a qual cada período da história tem crenças e valores únicos, devendo cada fenômeno ser entendido através do seu contexto histórico; no caso de história de surdos é a valorização excessiva da história do colonizador. Em Estudos Surdos, segundo a PERLIN (2003), para os surdos, a definição de historicismo é a história concebida na visão do colonizador, isto é do ouvintismo Exemplo do que poderia ser o historicismo de hoje: Entrega aos especialistas uma criança surda saudável, mas que se torna uma criança ‘deficiente’ ao ser avaliada, que agora é rotulada com um modelo de enfermidade baseado no grau de surdez e a partir daí os especialistas preocupam-se em minimizar a educação destinada aos considerados normais e acreditando que dessa forma estão usando de tempo em oferecer tratamento cliníco-terapêutico para cura desta enfermidade. 2- História cultural: é uma nova forma de a história de surdos trabalhar dando lugar à cultura e não mais a historia escrita sob as visões do colonizador”. A História Cultural reflete os movimentos mundiais de surdos procurando não ter uma tendência em priorizar apenas os fatos vivenciados pelos educadores
ouvintes, tornando-se uma história das instituições escolares e das metodologias ouvintistas de ensino e sim procurar levar através de relatos, depoimentos, fatos vivenciados e observações de povo surdo, misturando-se em um emaranhado de acontecimentos e ações, levadas a cabo por associações, federações, escolas e
movimentos de surdos que são desconhecidas pela grande maioria das pessoas. Aspectos que se referem a história cultural de hoje: Piadas e contação de histórias; Artes surdas; Teatro com expressão visual e  orporal;
Comportamentos; Pedagogia surda Artefatos em casas e escolas de surdos: despertadores vibradores,  tdd/ts,  celulares com torpedos, closed caption, campainhas com luz, babá sinalizadores, etc.
3- História na visão crítica: “Pode haver historicismo e história cultural que se misturam e usam o jogo de  camuflagem’ que aqui indica como ‘espaço’ diante dos olhos como incompleto, como fragmento, corte, máscara, escudo, representação e/ou fingimento. O uso dessa ‘máscara’ pode ser consciente ou
não, que pode até estar banhado de dúvidas e/ou dificuldades de aceitação e lutam contra ela, acreditando que esta intenção é sincera, sendo assim que acham mais fácil ignorar do que a ter que conviver com as verdades que por vezes podem ser dolorosas ou medo de se expressar num grupo que luta contra
as práticas ouvintistas e não quer ‘enxergar’ o outro lado da história. Mas devesse ter sido visto abertamente de outro modo, de outro ângulo e/ou algo escaparam ao alcance dos seus olhos e não perceberam.
Exemplos de prática da história crítica de hoje Bilinguísmo mascarado Respeito de cultura surda?
Relação de Poder: Ouvintes X Surdos Vejamos na tabela abaixo de como são as representações dos sujeitos surdos em diferentes olhares:
Historicismo História crítica História Cultural
⇒ Os surdos narrados como
deficientes e patológicos
⇒ Os surdos são
categorizados em graus
de surdez
⇒ A educação deve ter um
caráter clinico-terapêutico
e de reabilitação
⇒ A língua de sinais é
prejudicial aos surdos
⇒ Os surdos narrados como
‘coitadinhos’ que precisam
de ajuda para se
promoverem, se integrar
⇒ Os surdos têm capacidade,
mas dependentes.
⇒ A educação como caridade,
surdos ‘precisam’ de ajuda
para apoio escolar, porque
tem dificuldades de
acompanhar.
⇒ A língua de sinais é usada
somente como apoio ou
recurso.
⇒ Os surdos narrados como
sujeitos com experiências
visuais
⇒ As identidades surdas são
múltiplas e multifacetadas
⇒ A educação de surdos
deve ter respeito à
diferença cultural
⇒ A língua de sinais é a
manifestação da diferença
lingüística-cultural relativa
aos surdos

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