SINAIS MÁGICOS

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Língua Brasileira de Sinais I Por Ronice Muller de Quadros, Aline Lemos Pizzio e Patrícia Luiza Ferreira Rezende

LÍNGUA DE SINAIS É LÍNGUA
Texto obrigatório para a análise deste conteúdo:
QUADROS, R. M. de & KARNOPP, L. Língua de sinais brasileira: estudos
lingüísticos. ArtMed. Porto Alegre. 2004 – Capítulo 1
Quadros e Karnopp (2004:29-30) apresentam alguns autores que, depois de
Stokoe, reconheceram a língua de sinais no contexto das investigações lingüísticas,
conforme segue no quadro abaixo:
Hoje há uma quantidade razoável de investigações na área da lingüística, não apenas sobre a
estrutura, mas também sobre a aquisição, o uso e o funcionamento dessas línguas. Ao
discutir sobre a interface “articulatório-perceptual”, Chomsky (1995) reconhece tais
investigações:
A concepção de que a articulação e a percepção envolvem a mesma interface
(representação fonética) é controversa, os problemas obscuros relacionados à
interface C-I (conceptual-intencional) é ainda mais. O termo “articulatório” é tão
restrito que sugere que a faculdade da linguagem apresenta uma modalidade
específica, com uma relação especial aos órgãos vocais. O trabalho nos últimos
anos em língua de sinais evidencia que essa concepção é muito restrita. Eu
continuarei a usar o termo, mas sem quaisquer implicações sobre a especificidade
do sistema de output, mantendo o caso das línguas faladas. (Chomsky, 1995:434,
nota de rodapé 41)
Além disso, Saussure, citando Whitney, discute a questão articulatório-perceptual quando
refere:
(…) para Whitney, que considera a língua uma instituição social da mesma espécie
que todas as outras, é por acaso e por simples razões de comodidade que nos
servimos do aparelho vocal como instrumento da língua; os homens poderiam
também ter escolhido o gesto e empregar imagens visuais em lugar de imagens
acústicas. (Saussure, [1916] 1995, p. 17)
Mais adiante, Saussure coloca:
No ponto essencial, porém, o lingüista norte-americano nos parece ter razão: a
língua é uma convenção e a natureza do signo convencional é indiferente. A
questão do aparelho vocal se revela, pois, secundária no problema da linguagem.
(Saussure [1916] 1995, p. 18)
As línguas de sinais passam a integrar o contexto dos estudos lingüísticos. Ainda
destacamos as palavras de Ray Jackendoff, lingüista reconhecido nos estudos das
línguas no campo da sintaxe e da semântica:
A coisa mais importante que eu quero destacar é que ASL é uma língua. Claro, ela
parece ser completamente diferente de outras línguas já conhecidas como o inglês, o
russo e o japonês. Isso significa que a transmissão não é através do trato vocal
criando sinais acústicos que são detectados pelo interlocutor por meio da audição.
1 Tradução feita pelas autoras Quadros e Karnopp (2004).
Ao invés disso, os gestos do sinalizador criam sinais que são detectados pelo
interlocutor por meio do sistema visual. (…) O sistema periférico é diferente, mas a
atividade inerente é a mesma2.
(Jackendoff, 1994:83)

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